A Alma de um suicida
O que se passa na alma de um suicida? É o que pergunta a maioria das pessoas que nem sentem e nem sabem o que é ter uma depressão. A maioria das famílias preferem negar que tem depressivos entre eles. Depressivos são rotulados como loucos, preguiçosos, fracos, frescos, sem objetivos e que deviam arrumar o que fazer. Está comprovada, depressão é genética e está ligada a baixa taxa de um neurotransmissor chamado serotonina, que faz a sinapse entre dois neurônios. Depressivos já nascem com essa tendência e geralmente o meio no qual vivem, em algum momento ativa essa depressão. A família pode ajudar sim. Levar ao médico, tratar com medicamentos, fazer a pessoa correr atrás de objetivos que façam o coração dela cantar e não os dos outros. Depressivo são egoístas sim, pois acham que a dor deles é única e insuperável. Sair um pouco de si e olhar para a dor do outro, ajuda muito a não se afundar. Na minha visão, depressivos crônicos são extremamente inteligentes, sensíveis, empáticos, criativos, poéticos, exagerados nos sentimentos, misantropos e acham esse mundo e as pessoas um saco. Viver aqui, morar aqui, ter que lidar com as pessoas é altamente entediante para um depressivo, por isso o isolamento e a solidão. Eles sabem que ninguém vai entendê-los, a não ser que tenha empatia com a dor deles, que garanto, é real. Dói, dói muito, dói fisicamente. Estou escrevendo isso, porque em menos de um ano quatro adolescentes conhecidos se suicidaram e/ou tentaram suicídio, inclusive a melhor amiga da minha filha. Semana passada o psiquiatra de uma amiga se suicidou também. Gente, o que anda doendo tanto, que para muitos, ir embora daqui, a qualquer custo é a solução? Uma vida inteira pela frente, mas isso e nada tem valor para eles. Ir embora é a melhor solução. A maioria deles se acha um fardo e se suicidar é um modo de deixar de “dar” trabalho aos que não os entendem, não os acolhem, ou não os amam incondicionalmente. O que não sabem, é que a dor deles não vai acabar com a morte e vai deixar um vácuo enorme em quem fica. A solução? Não sei. Por experiência própria, realmente não sei. Dedico esse pequeno texto à Maria Eduarda Leão, melhor amiga da minha filha mais nova, que por decisão própria partiu aos 16 anos.
Inês Helena