Tantos “Eus”

Já fui tanta (o) s,
Já fui muito (a) s,
Nessa linha do presente continuum,
Sei também que ainda outro (a) s serei…
Já tive poder e sabedoria,
Certas vezes só poder,
Outras vezes somente sabedoria,
Independente desses atributos eu fui tragada pelo mar…
Já tive o dom de ler pensamentos,
De guardar segredos em cavernas,
Para serem desvendados no futuro.
Quantas lembranças dessa civilização Maia.
Já desamparei cruelmente irmãos de sangue,
Deixando que o céu fosse seu teto e as margens de um rio o seu chão.
Deixei-os a mingua na antiga China,
Tendo as margens do Rio Iang-Tsé como testemunha.
Já fui freira e pequei.
Já fui meretriz e me santifiquei.
Já fui frade e curei com meu pequeno jardim de ervas medicinais.
Quem pode julgar em qual vida realmente acertamos ou erramos.
Já enterrei um corpo em dunas,
Ninguém viu,
Mas minha alma cobrou essa atitude,
E sofri de culpa até partir.
Fui um fora da lei,
Levei seis tiros pelas costas,
Ainda fui enterrado vivo,
Em uma vida eu fiz e na outra eu me quitei:
Ainda acreditava na lei do “olho por olho, dente por dente”.
Ainda iria aprender que o amor e o perdão também são caminhos.
Uma vez desisti da vida,
Com uma injeção letal,
Morri, pedindo para ser abraçada,
Seria o começo da minha redenção?
Quem sou?
Quem fui?
O que importa?
Sou tudo, sou todo (a) s.
Sem todas essas vivências eu não seria “EU.”
Aprendi a amar e aceitar todas essas porções do meu ser.
Perdoei toda ação que algumas porções do meu “todo” fizeram,

E assim, eu me curo para poder finalmente ser INTEIRA, ser UM com o Universo.

Inês Helena

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