O que sou

Poucos laços me enfeitam,
Cordas rotas me seguram,
Meus pulsos doem,
Ainda olho a vida com ternura.
Eu sou tudo o que sou,
Sonsa e santa.
Arredia, amiga e insana.
O que importa rótulos.
Pedaços de mim vão-se em partes.
Eu choro cada parte que me abandona,
Seja material ou espiritual,
Deixar partir sem dor é mérito adquirido.
Gosto desse exercício de desapego.
Eu não gosto de estar aqui.
Pessoas e situações são passatempos,
Que me distraem até a minha partida.
Vão-se os dentes e os cabelos.
Esvai-se a beleza e a juventude.
Fica-se a bagagem adquirida
e a certeza que dessa vida só se leva o aprendizado.
Ah Senhor,
Liberta-me dos desejos mundanos,
do apego ao que faz sofrer,

e me ensina a viver somente de ti e para ti.

Inês Helena

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