Minhas poesias

Você quer uma poesia minha?

Ahh, tem que algo dentro de mim estar doendo.

Doendo como a dor de um parto.

Doendo porque quer nascer,

pois poesia é nascimento.

E como todo nascimento,

leva tempo e gera dor.

Preciso que nada seja bonito em mim.

Eu raspo todo o meu cabelo.

Choro até meus olhos mudarem de cor e tamanho.

Arranco todas as unhas.

Sangro minhas carnes.

mostro meus ossos.

Depois escorrego meu corpo flácido e esquelético,

bem devagar pela parede,

até parar agachada,

entre o vão e o chão.

Choro como uma louca,

uivo como uma loba,

mas minha alma nem é de louca e nem de loba,

mas de uma criança.

Escondo meu rosto entre as pernas,

choro e lamento cada falta que a vida me faz sentir.

O processo começa.

Me desvencilho de tudo o que passou.

Abro mão de tudo que já morreu,

e depois de muitas dores e contrações eu renasço.

Me levanto nua,

já não sangro mais,

não existe mais dor.

Caminho calada, solitária e à ermo.

Quem se importa para onde vou se eu mesma não me importo.

Alguém me chama e eu não entendo esse nome.

Esse não é mais o meu nome,

essa não sou mais eu,

e muito menos eu sei quem é você.

Inês Helena

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