Homem Máquina

Ás seis horas eu vou me acordar.
Ás seis e quinze eu vou abrir meus olhos.
Ás seis e meia eu vou me levantar.
Pois não sou homem,
máquina é que sou.
Ás sete horas eu vou ao trabalho.
Ás sete e meia começo a trabalhar.
Ás dezoito horas para casa tenho que voltar.
Pois não sou homem,
máquina é que sou.
Não vem que não é hora de conversar.
Não se aproxima que não é hora de beijar.
Não me abraça que não é hora de amar.
Aliás,
o que é amar ?
Pois não sou homem,
máquina é que sou.
Sai do meio que está passando o jornal.
Não desliga que está passando o comercial.
Mas isso é hora de passar mal ?
Pois não sou homem,
máquina é que sou.
O chip que guarda minhas informações saturou.
Esqueci de colocar óleo minha armadura travou.
Não tentar puxar conversa que meu gravador enguiçou.
Pois não sou homem,
máquina é que sou.
Sai de cima de mim que é hora de descansar,
não me fala das tuas aspirações que é hora de almoçar,
vai dormir que as coisa vão melhorar.
Pois não sou homem,
máquina é que sou.

Mas isso são horas para voltar ?
Com quem estavas no telefone a conversar ?
Encontrei uma carta de alguém dizendo que queria te amar.
Não posso aguentar…
POIS NÃO SOU MÁQUINA,
HOMEM É QUE SOU !!!

Inês Helena
Agosto/1985

Publicado no blog em 13/07/2011.

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