“Como um peixe fora da água, que saindo do seu habitat fica ressecado, buscando oxigênio, sem locomoção, olhos parados, desesperado, e morre se não for colocado de volta, assim é o homem do campo, que quando se vê obrigado a migrar para a cidade grande, se sente deslocado, sem ambiente, sem função, sem estima, se desespera e morre como homem digno, e nasce como homem revoltado, morando nas favelas, nas penitenciárias, e mendigando nos sinais.

Lugar de peixe é na água, nadando livremente, deslizando quase como se fizesse uma coreografia, embelezando as águas e cumprindo a sua missão na cadeia alimentar.

Lugar de agricultor é na terra, usando suas mãos para acariciá-la colocando dentro dela uma semente, que virará fruto, Segurando sua enxada, com suor na testa, calos nas mãos e o principal, dignidade na alma e estima no coração, e cumprindo a sua missão, que é a de produzir alimentos”.

Inês Helena (2006)